No meu outro blog Bloco de Notas, escrevi um texto no qual reclamava do quanto as pessoas se tornaram "eco-chatas", amigas do meio-ambiente e irritantes ao mesmo tempo. Aquele tipo de pessoa que toma banho de água fria. Concluí que, para os próximos anos, precisamos fazer coisas eco-maneiras - curtir os prazeres da vida com respeito à natureza. Citei o Tesla Roadster, um carro desenvolvido pela Lotus com desempenho explosivo e motor elétrico, o que o faz não poluir. Seu motor é alimentado por baterias recarregáveis em uma tomada. No mundo dos carros, o primeiro passo no sentido de gritarmos: "Eco-Wow!".
Talvez eu tenha me empolgado demais. Jeremy Clarkson testou, no Top Gear, o Tesla e nada deu certo. A montadora afirmara que o esportivo poderia percorrer 320km sem recarregar (e portanto sem poluir), mas no dia seguinte ao teste a bateria já estava a menos de 20% de sua capacidade. Foi pedido um segundo carro para finalizar as filmagens, cujo motor superaqueceu. Nas palavras de Clarkson: "E aí, mesmo sem estar totalmente carregado, tiramos o primeiro da tomada – para descobrir que os freios não estavam funcionando perfeitamente. Então ficamos sem carros".
Fiquei decepcionado. O Tesla parecia uma idéia brilhante. Astros de Hollywood compraram suas unidades - provavelmente antes tinham um Prius, mas quem é que vai sair bonito na revista People num carro sem-graça daqueles?
Clarkson deu duas estrelas dentro de cinco possíveis para o Tesla. A frase-veredicto foi: "I suppose it's good for your sex life". Segundo o jornalista, o carro é interessante num banquete. Ao dizer numa festa que você tem um Tesla, "em poucos minutos você estará transando".
Agora falando sério: que a Tesla faça seus carros funcionarem, se é que o caso de Clarkson foi totalmente isolado, realmente não sei. A fábrica, surpresa!, não negou os fatos acontecidos no Top Gear.
Está sendo lançado também no Salão de Detroit 2009 o Firsker Karma, sedã de luxo que faz 42km/l. Jogue no Google: é bonito pra caramba e eco-maneiro, também. Mas é preciso funcionar.
Se não, qual é o ponto de comprar um carro amigo do meio ambiente se ele não funciona? Como Clarkson calculou, um Lotus Elise custa um terço do preço do Tesla. Encher o tanque do Elise leva 20 minutos com gasolina; carregar a bateria do Tesla, 16h em uma tomada comum.
O trecho final da reportagem, traduzida pelo blog Jeremias Clarkson.blogspot (O link da reportagem de Clarkson, publicada no jornal inglês Times, está aqui).
"Vê o que eu falo? Mesmo se ignorarmos o argumento que a suposta “energia-verde” que move esse carro vem de uma imensa e imunda usina de força, e que ela não é tão verde quanto você espera, ficamos com o simples fato de que demora um tempão para carregar e a carga não te leva muito longe. Devemos lembrar que deu errado com os dois carros que testei. Não tenho dúvidas de que com o tempo, o Tesla pode ser afinado e bem desenvolvido até um nível onde que os problemas sejam eliminados. Mas tempo é uma coisa que um carro como esse não tem. Porque enquanto a Tesla perde tempo com baterias, a Honda e a Ford estão à frente com carros a hidrogênio, que não precisam de recarga, podem ser abastecidos normalmente e são completamente verdes. O maior problema com o Tesla, então, não é o fato de não funcionar. O problema é que, mesmo que funcionasse, ele estaria rodando na estrada errada".
2 comentários:
- At 16 de janeiro de 2009 às 09:26 Anônimo said...
- Este comentário foi removido pelo autor.
- At 16 de janeiro de 2009 às 09:27 Anônimo said...
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Espero que logo essa tecnologia dos carros movidos a hidrogênio possam ser de acesso a maior parte do mundo e das pessoas. Quanto aos problemas da bateria desse carro da Lotus, acredito ser apenas uma fase na evolução e que logo será superada (lembrando que não entendo nada de carros).
Obs: Agora Ricardo, seria interessante já que você comentou sobre esse assunto, que você esclarecesse a situação do Etanol, e os motivos (se existerem), para ele ser uma boa solução, além do porque dele ainda não ser totalmente utilizado.
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