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Refletindo sobre a Hyundai




Difícil achar outra montadora tão bem-falada atuamente como a Hyundai. E ela realmente merece. Vejamos: é uma das pouquíssimas montadoras que está aumentando suas vendas nos EUA, onde os carros estão sendo vendidos a preços de uma bicicleta e o cenário é, generalizando, assustador. No Brasil, a partir de uma agressiva política de preços e uma massiva campanha de marketing, se tornou a montadora que mais cresce em território brasileiro.
Sem dúvida nenhuma a qualidade melhorou, os carros estão realmente mais bonitos - Genesis Coupe (foto) está aí pra provar, se tornaram confiáveis... mas será que realmente os carros da Hyundai valem a pena?
Resposta: sim, pelo menos em um primeiro nível de análise. Tomemos como exemplo o i30, que está começando a ser comercializado no Brasil. Por um preço substancialmente menor que o dos concorrentes, oferecendo muito mais equipamentos, venderá que nem garrafinha d'água no deserto do Kalahari. Eu já conheci o carro e sem dúvida a qualidade é altíssima, superior ao do C4 e do Focus. A Quatro Rodas o colocou em primeiro lugar num comparativo. Respeito a decisão deles.
Temos também o Genesis, eleito Carro do Ano nos EUA pela imprensa especializada. Indica a consolidação da Hyundai no mercado de luxo americano, com um produto realmente competitivo. E bonito.
Mas há inúmeras ressalvas que devem ser feitas para os carros da Hyundai. Ressalvas essas que não me permitiriam comprar um. Em primeiro lugar temos a tradição. OK, OK, os mais atualizados ligam o nome da marca coreana ao hit Tucson. Todo mundo até pouco tempo queria um Tucson, assim como antes desejavam um Civic e antes, um EcoSport. Mas ainda há aquele público que relaciona a Hyundai aqueles sedãs vendidos por aqui na década de 90, por exemplo o Excel (conheço bem essa história, meu pai já teve um desses, modelo 92 se não me engano, vermelho-vivo, comprado com a abertura das importações). Esse pessoal não acredita muito que em quinze anos uma marca se tornou tão competitiva, ao nível das japonesas.
E depois tem todo o aspecto emocional dos carros coreanos. Os consumidores brasileiros costumam reduzir o carro apenas a seu preço e seu custo/benefício, categorias nas quais os Hyundai são campeões. Mas um carro é tão mais do que isso. Não é porque um i30 é mais barato é porque é realmente melhor. A Quatro Rodas pode falar que sim (de acordo com o critério de avaliação deles), mas muitas outras mídias afirmam que o Focus ainda é a referência. Será que um i30 é tão bom de dirigir quanto um Focus? E o Hyundai transmite emoção ao motorista, como o Focus ou o Golf, que são consagrados nisso? Não estou afirmando que o i30 é ruim. Pelo contrário. Mas que é preciso avaliá-lo por fatores além do custo/benefício. Não me importaria em pagar um pouco mais por um carro que tornaria meu trajeto casa-escola mais divertido (se pelo menos eu dirigisse...)
O Genesis também é maravilhoso nisso, custando bem menos que os concorrentes. Mas pagar 180 mil reais (preço estimado para o mercado brasileiro) num sedã de luxo da Hyundai é legal? Quem quer luxo pode escolher uma Mercedes-Benz Classe C, uma BMW Série 3 ou um Audi A4. Ou até um Toyota Camry, todos mais acessíveis.
Fica a dica final, que conclui meu post: custo/benefício não é tudo!
E você, compraria um carro da Hyundai?


Acabei de ler no UOL Carros, hoje mesmo, que a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que obriga as montadoras de automóveis brasileiras instalarem air-bags duplos em todos os seus carros à venda, tornando-os itens de série. Ela foi proposta inicialmente pelo deputado Eduardo Azevedo (PSDB-MG).

Air-bag é aquela bolsa de ar inflável, que é ativada em caso de colisão frontal. É vitalmente importante, ainda que tenha um curtíssimo ciclo de vida. Generalizando, hoje, o air-bag só é um item de série em carros com preços acima de 50 mil reais. Em carros mais baratos, é um opcional caríssimo e sem liquidez. Brasileiro quer outra coisa ao gastar dinheiro com opcionais.

A lei pode ser extremamente eficiente, mas pensemos que o consumidor brasileiro não valoriza a segurança nos carros (um estudo do UOL Carros comprovou que Preço e Design são os aspectos mais valorizados na compra de um carro. Liquidez e Pós-Venda estão em segundo e terceiro lugares da lista). E não seriam os poucos que, tendo 30 mil reais para gastar, escolheriam opcionais de uso diário – trio elétrico, ar condicionado, direção hidráulica – que saem pelo preço do air-bag duplo, usado teoricamente uma vez na vida; e não disponíveis nos chamados carros “populares”. É mais um aspecto cultural do que financeiro. Não apenas isso, há uma tendência natural de substancial aumento no preço dos carros, que corresponderia a uma enorme porcentagem nos carros mais baratos do país.

Não obstante, muitos afirmam que a propagação de tais equipamentos, pouco difundidos hoje, pouco a pouco baratearão a produção. Sem contar a diminuição no número de acidentes e mortes. Traria enormes benefícios mesmo que a longo prazo.

Os Estados Unidos viabilizaram lei semelhante em 1999 e, na Europa Ocidental, apesar de não haver uma lei que regulamente o uso de air-bag, 95% dos carros novos já vêm com tal equipamento.Considere, entretanto, que o nível de desenvolvimento de tais mercados é outro. Eles já têm o que chamamos de “pacote básico” de equipamentos, já citados no parágrafo anterior.

A conclusão que fica é que na teoria a lei é ótima, mas necessita-se uma análise mais profunda a respeito de nosso mercado, ainda engatinhando a caminho do desenvolvimento. Antes de dar um passo maior que nossas pernas, precisamos evoluir para o básico. Mas, pensando em quantas vidas seriam poupadas com a aprovação dessa lei – que exige que, até 2014, nossas montadoras tenham cumprido a exigência –, fica difícil se manter indiferente e, pior, contra ela. E você, o que acha?

Leia também:
Preço e design contam, mas não decidem sozinhos a compra do carro no país. Disponível em: http://carros.uol.com.br/ultnot/2009/02/08/ult634u3380.jhtm
(Legal comparar também o que o brasileiro valoriza com as preferências dos americanos e europeus. A propósito, a segurança é a coisa mais valorizada pelos moradores do Velho Continente).

Câmara aprova uso obrigatório do air-bag. Disponível em: http://carsale.uol.com.br/noticias/ed101not10563.shtml.

Lei do airbag pode tirar Brasil do atraso na segurança automotiva. Disponível em: http://carros.uol.com.br/ultnot/2008/06/07/ult634u3032.jhtm

Comprando carros

Em uma certa aula de Laboratório de Ciências assisti a um filme que mostrava que as mulheres são mais eficientes que os homens. Foi reunido um grupo de pessoas dos dois gêneros e foi pedido para que cada pessoa, separadamente, realizasse uma série de tarefas domésticas. A conclusão foi que, enquanto homens realizavam uma tarefa de cada vez, esperando que uma terminasse para que outra fosse começada, mulheres as realizavam simultaneamente, com um enorme ganho de rapidez e produtividade.
Um outro estudo revelou, contudo, que existem substanciais diferenças entre os hábitos de compras de homens e mulheres. Enquanto homens vão ao shopping atrás de certa compra específica, previamente decidida – e vão ao shopping apenas por isso, vale dizer –; as mulheres não têm um motivo concreto para a ida e as enormes compras são um produto direto das andanças que levam horas e longas olhadas nas vitrines, e, longe de generalizar, sem contar o rombo no cartão de crédito.
E como isso nos leva à fascinante indústria automotiva?
É simples: com algo chamado “posicionamento de mercado” de um carro, um jargão do pessoal do marketing que, em resumo, define que faixa de preço, segmento e público-alvo o carro possui em certo mercado e a ideia que quer transmitir aos consumidores. É preciso ter muito cuidado com a definição desse posicionamento, caso contrário acontecerá, dentre outras consequências, o que é chamado de canibalização de vendas. Se você for às concessionárias sem saber o que quer comprar - porque agora esses marketeiros inventam dezenas de carros com o mesmo posicionamento de mercado -, bobagens podem acontecer.
Suponhamos que um comprador, não importa o gênero, vá à uma concessionária comprar um Fiat Palio, que, equipado com os itens básicos, custa na base dos 35 mil reais. Contudo, esse é o preço do Punto, um carro de segmento superior, porém sem ser tão completo. O que fazer? Existe uma tendência natural do ser humano de escolher o que é naturalmente superior, então na maioria dos casos o Punto seria escolhido. Mas faltam alguns opcionais. Com eles, o preço infla e bate nos 43 mil reais. Mas espere, o pacote com air-bag duplo e ABS está a preço interessante. O preço sobe mais uns dois, três mil reais. Você vê meu ponto? O comprador se entusiasma e o preço vai parar nas alturas. Daqui a pouco esse consumidor vai sair com um Fiat Stilo Abarth (90 mil reais).
É preciso muito bom-senso para escolher um automóvel novo e torna-se interessante chegar na concessionária sabendo o que você quer, para não cair em conversa de vendedor. Antes de tudo, entre no site da marca, monte seu carro virtual, saiba a faixa de preço com que você está lidando. No Brasil, a canibalização (redução nas vendas de certo produto, ocasionada pelo lançamento de um novo produto com mesmo posicionamento de mercado) é muito evidente. Na VW, a linha de compactos é extensa: Fox, Gol, Polo. Na Chevrolet, os sedãs fazem a festa: Classic, Prisma, Corsa Sedan, Astra Sedan, Vectra. Todos com preços muito próximos.
Um estudo da Quatro Rodas mostrou que um Fox 1.0 completo bate nos 55 mil reais. Com esse dinheiro dá para comprar um Golf ou um Focus novo, carros infinitamente superiores, e com motor 2.0. Você pode acabar pensando que esse preço de 55 mil reais do Fox 1.0 envolve opcionais que não existem no Golf e no Focus (para acabar “justificando” esse valor estratosférico), mas não: os modelos maiores são mais equipados, mesmo. É como comprar um MP3 da 25 de Março, no qual só cabem 25 músicas e a qualidade do som é tão horrível como a dos rádios dos anos 40, pelo mesmo preço de um iPod Nano.
Pense nisso. Você até pode se empolgar na hora, mas eu já lhe digo que no mercado de usados a coisa realmente fica pior. Ou você vai dizer que algum maluco vai querer um Golf completo, por 89 mil reais, ao invés de um Jetta? Volto, assim, a repetir o mantra desse post: antes de ir às compras sem saber o que comprar, e se empolgar com o que há na vitrine, saiba de antemão seu objetivo.

Por que não?


Quero marcas de luxo americanas como Cadillac e Lincoln. Quero a Infiniti e a Acura. Quero SEAT, Saab, Mazda e Alfa Romeo de volta. Aston Martin, por que não? Desejo também a Scion. E se quiserem trazer, que a Mercury, Pontiac, Saturn, GMC venham. Quero até mesmo a Skoda!
Na foto, o mais novo modelo da marca tcheca, o Superb.


Como em qualquer outro ramo da indústria, alguns produtos caem nas graças dos consumidores e vendem muito, causando um frenesi de consumo e virando febre de mercado, não importando qual intervalo de tempo levou para alcançar tal ritmo de vendas. No mundo do automóvel, essa afirmação é mais do que válida. Por inúmeros fatores, alguns lançamentos são sucesso em vários mercados automotivos. Por que alguns carros dão certo e outros não? Uma resposta: estratégia da montadora. Se ela fizer a coisa certa, seus lançamentos podem vir a se tornar febres.
A equipe de marketing de uma montadora é responsável por entender os anseios dos consumidores e transmitirem suas vontades para os engenheiros da marca. A montadora tem consciência de que seu carro, ao ser lançado, é um produto direto de vários pedidos dos consumidores, vontades aquelas reunidas em clínicas de mercado. Isso acaba dependendo, também, do mercado que a montadora quer que o carro seja vendido, onde inúmeras condições sócio-econômicas, culturais e geográficas confluem para o sucesso ou fracasso de um carro.
Pensemos no Ford EcoSport, um dos carros de sucesso mais inesperado dos últimos anos. Lançado em 2003, se tornou uma enorme febre de mercado na época, com ágio superando os 5 mil reais, o que era alto em proporção com seu preço. Hoje, depois de seis anos, não continua o mesmo fenômeno embora figure, ainda, na lista dos carros mais vendidos. Hoje, o público quer Tucson e Civic, mas até pouco tempo atrás o carro do sonho do brasileiro era, basicamente, um EcoSport. Era o tipo de carro que causava inveja aos vizinhos. Por que isso acontecia? Inovação. A Ford foi a primeira montadora brasileira que resolveu entrar no segmento de utilitários esportivos compactos. A mídia chama de “aventureiros urbanos”, “off-roaders leves”. O nome não importa. O acabamento do carro era péssimo, a qualidade de construção trazia barulhos infernais e o carro era por si só frágil, mas era, sobretudo, bonito. E com um preço acessível, tornou-se o SUV mais barato do Brasil, embora não seja propriamente dessa categoria. Entendo seu sucesso como uma prova de que os consumidores querem novos segmentos inovadores, com carros que os destaquem no trânsito. Por isso o sucesso do Hyundai Tucson é explicado. O Tucson está longe de ser uma maravilha da natureza, mas leva ao consumidor, em uma faixa de preço acessível, um carro alto, com aparência robusta e que causa certo status.
Voltando ao EcoSport, tenho certeza de que ele não faria sucesso na Europa, mesmo com acabamento melhorado e mais equipamentos. O europeu não se envolveria com seu design – lá eles têm disso, e muito. Aqui, o mercado é menos desenvolvido e o EcoSport acabou como um símbolo da criatividade dos engenheiros brasileiros. Um exemplar top de linha do EcoSport brasileiro acabou indo parar até mesmo na garagem do presidente mundial da Ford nos EUA, impressionado com a criação de sua filial brasileira. Essa categoria de “SUVs urbanos compactos”, inaugurada pela Fiat Palio Weekend Adventure em 1999 e consolidada pelo EcoSport, é praticamente inédita no mundo. É o segmento criado e adorado pelos brasileiros e, por extensão, pelos sul-americanos (sentimento semelhante aos sedãs compactos, derivados de hatches pequenos; em nenhum outro lugar do planeta eles vendem tão bem).
Engraçado que alguns carros não deram certo justamente por causa do trabalho mal-feito do marketing da montadora. O Renault Mégane Sedan nacional, lançado em 2006, chegou primeiro com motor 2.0 e só depois com o 1.6, que tenderia a vender mais. Acabou por vender bem abaixo das expectativas da montadora, enquanto o Civic explodia. O Ford Focus Sedan, lançado no fim de 2008, chegou sem o motor flex. As vendas, apesar de estarem embalando, estão baixas. Motor flex é outro traço brasileiro e é necessário que carros com grande volume de vendas o tenham.
É por isso que devemos admirar os chamados “carros mundiais” tanto. Para quem não sabe, são carros vendidos em todo o mundo, com pequenas alterações para cada mercado. Por exemplo, o Renault Logan, modelo de baixo custo vendido na África, Ásia, Europa e América do Sul. É um sucesso no mercado subdesenvolvido, mas que também não daria certo nos EUA, onde carros baratos (para as massas) não têm mercado. Na própria Europa Ocidental, desenvolvida, os números de vendas são baixos. Carros mundiais, quando fazem sucesso, provam que a montadora em questão conseguiu entender os anseios de consumidores de todo o mundo, a partir de um limite sócio-econômico. Penso que a linha de uma marca em certo país deve ser composta de modelos globais, vendidos ao redor do mundo, e modelos locais, específicos para aquele mercado, que só vendem bem por lá, provando que elas estão antenadas com a cultura local e as preferências dos consumidores de lá. Montadoras instaladas no Brasil enfim entenderam o que nós queremos: a maioria das marcas tem um sedã compacto, uma picape compacta, a linha inteira com motorização flex, "aventureiros urbanos"... Aspectos que você realmente não vê na Europa, nos EUA ou no Japão. Afinal, entender o que o consumidor quer é o primeiro indício de sucesso.
Na foto, nosso velho conhecido EcoSport, cujo protótipo foi lançado no Salão do Automóvel de 2002. Segundo pesquisas da época, foi o carro que mais impressionou os visitantes, superando carros de marcas como Ferrari.

Se eu fizesse um 10Best...



A revista americana Car&Driver faz, anualmente, uma seleção dos dez melhores carros à venda nos EUA, tentando englobar as categorias de carros mais significantes. Discordo de algumas escolhas, mas são os automóveis que os jornalistas da publicação acham os mais importantes, relevantes, inovadores e "divisores-de-água" do mercado americano. Coisa semelhante é a seleção All-Stars da Automobile, também com dez carros que, segundo eles, fariam juntos uma "garagem dos sonhos". Resolvi, por conseguinte, escolher os dez melhores carros à venda no Brasil. Contudo, limitei o preço (máximo de 100 mil reais) e o volume de vendas (tem que ser carros com alto volume de vendas, que são fáceis de ver na rua). Caso contrário, escolheria apenas carros premium que não refletem a realidade sócio-econômica do mercado. São dez carros que são as melhores compras, para mim, em seus respectivos segmentos. Aí vai a lista:

MEU 10BEST
Ford Focus Hatch: melhor hatch da história, como definiu a CAR Magazine. Brilhante conjunto de suspensão, dirigibilidade acima da média, divertido.
Toyota Corolla: sintetiza o que todo sedã médio deveria ser: com altíssimo nível de qualidade geral, econômico, racional, prático e confiável.
Fiat Punto: um Fiat na minha lista? Sim. O mais bonito carro brasileiro.
Honda CR-V: Captiva? Não! Tucson? Não! O CR-V é mais bonito e acima de tudo é um Honda.
Citroën C4 5 lugares: há muito não via uma minivan tão inovadora. É melhor ainda que a C4 Picasso 7 lugares, menos esportiva e mais conservadora.
VW Jetta: esportivo, excelente motor, bom câmbio. Poderia ser mais barato, vale dizer.
VW Gol: palavra da Quatro Rodas: "é o carro brasileiro mais bem-resolvido dos últimos tempos". Pela primeira vez, o Gol é um carro bom.
Honda Fit: é o que carro que chega mais próximo da concepção de "carro perfeito", ao menos em ciclo urbano. É o tipo de carro que toda família brasileira deveria ter.
Ford Ka: obviamente o modelo de 1997 era superior, seu conjunto preço/diversão o fez referência do segmento até sua retirada do mercado, ano passado. Esse novo modelo é inferior, mas está mais adequado à realidade do brasileiro e ainda continua, ainda que menos, divertido.
Honda Civic: não queria escolher outro sedã médio, mas as diferenças perante o Corolla o tornam extremamente distintos. Escolhi pelo fato de ser um dos modelos mais inovadores que o brasileiro já conheceu.
Se pudesse relacionar os dez melhores carros premium à venda no Brasil, estes seriam: Volvo XC60, Jaguar XF, Mercedes-Benz Classe S, Volvo C30, Audi A5, BMW Série 3, Subaru Forester, Nissan Murano, Porsche 911, Land Rover Range Rover.

A questão do timing

Um sábio uma vez disse que, se no ramo imobiliário o que mais importa é a localização do imóvel, na indústria automotiva o mais importante é o timing do lançamento. O sábio em questão é o jornalista Greg N. Brown, do New York Times, na ocasião do lançamento do Audi Q5.
Entende-se por timing o momento em que o carro é lançado, no sentido que permite a tradução também de oportunidade perfeita para o lançamento. E, a partir do que tenho visto, nunca essa frase me pareceu tão válida. Vamos aos fatos.
O Toyota Prius seria muito melhor recebido hoje se não tivesse sido lançado em 1997, quando sua primeira (e péssima) geração chegou ao mercado. Apenas em 2004, com a chegada da nova geração, ele ganhou notoriedade e sucesso. Seu concorrente, o novo Honda Insight, está sendo aplaudido mundo afora – o jornalista britânico James May comentou que ele é o carro mais importante de todos os tempos – mas seu primeiro modelo, no fim da década de 90, foi um fracasso. Isso pode ser explicado. Naquela época, petróleo era algo que não estava em falta e ninguém dava muita atenção para carros esquisitos daquele jeito.
Nunca a tendência do downsizing esteve tão popularizada. Para quem não sabe, o downsizing é a redução de motores maiores e mais poluentes (como um V-8), transformando-os em motores menores mais eficientes, como um V-6. A força de ambos os motores, contudo, acaba sendo a mesma. Motores menores ganham o auxílio da tecnologia para desenvolver tanta potência quanto seus similares com maior capacidade cúbica, então o desempenho do carro que recebe esse motor não é prejudicado. E ainda gasta menos combustível e é mais amigo do meio-ambiente, poluindo menos. Essa é, com certeza, a principal razão para sua consolidação. Há algumas décadas, essa idéia seria ridicularizada. Teria sido difícil convencer o consumidor de que isso é sinal de avanço e não retrocesso.
Esbocei duas razões que tornam a frase-tema desse artigo válida, e existem inúmeras outras. Carros que chegam no momento errado não dão certo, num movimento que acaba fazendo com que suas qualidades sejam ignoradas. A recíproca também é verdadeira: carros que chegam no timing perfeito têm boas chances de sucesso, dependendo da situação sócio-econômica do período do lançamento. No entanto, nem sempre é assim: carros novos que chegam no pior momento possível, surpreendentemente, podem dar certo. É o caso da nova F-150 nos EUA. Achei a recepção da nova geração da Ford F-150 nos Estados Unidos uma coisa muito estranha. Ela está sendo extremamente elogiada, até recebeu alguns prêmios, como o Truck of the Year pela Motor Trend. Contudo, o alto preço da gasolina e atenção para modelos menores fez a enorme picape, que por anos se manteve como o veículo mais vendido nos EUA, perder a posição de carro mais vendido para quatro sedãs menores, no meio de 2008. A chegada da nova geração no fim do ano, contudo, fez com que ela recuperasse a liderença nas vendas e tudo indica que 2009 será mais um ano de liderança para ela, mesmo tendo continuado com altíssimo consumo e não tendo ganho um motor mais eficiente. O timing de lançamento da F-150 nova foi horrível, por isso não mantenho indiferença ao seu sucesso. Mas algo pode mudar no futuro. A Ford planeja introduzir nela sua nova gama de motores, já utilizadas em outros carros do grupo: a linha EcoBoost, maior expoente da tendência do downsizing nos EUA – com nome mais que perfeito, diga-se de passagem.
Na foto, a nova F-150, modelo 2009. Deixando as críticas de lado, bem que os americanos têm bom gosto na hora de comprar picapes.


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